Paleobiologia de foraminíferos e microfósseis associados dos depósitos eocênicos, miocênicos e plio-pleistocênicos da Ilha Seymour, Antártica Ocidental

Os depósitos cenozoicos da Antártica Ocidental, especialmente aqueles da transição Eoceno-Oligoceno, fornecem importantes dados geológicos sobre as mudanças climáticas ocorridas ao longo da Era Cenozoica e de seu impacto na biosfera austral. Assembleias fósseis, incluindo de foraminíferos, foram rel...

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Bibliographic Details
Main Author: Badaro, Victor Cezar Soficier
Other Authors: Petri, Setembrino
Format: Doctoral or Postdoctoral Thesis
Language:Portuguese
Published: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP 2017
Subjects:
Online Access:http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44141/tde-26042018-094300/
https://doi.org/10.11606/T.44.2018.tde-26042018-094300
Description
Summary:Os depósitos cenozoicos da Antártica Ocidental, especialmente aqueles da transição Eoceno-Oligoceno, fornecem importantes dados geológicos sobre as mudanças climáticas ocorridas ao longo da Era Cenozoica e de seu impacto na biosfera austral. Assembleias fósseis, incluindo de foraminíferos, foram relatadas para unidades de todas as épocas cenozoicas, em afloramentos dos arquipélagos James Ross e Shetlands do Sul. Todavia, os diamictitos das Formações Hobbs Glacier (Mioceno) e Weddell Sea (Plio-Pleistoceno), que afloram nas ilhas James Ross e Seymour, ainda não haviam sido alvo de análises micropaleontólogicas visando a obtenção de microfósseis com paredes inorgânicas. Foram analisadas amostras de 12 seções estratigráficas da Ilha Seymour, incluindo estratos do topo da Formação La Meseta (Eoceno) e de diversos níveis das formações Hobbs Glacier e Weddell Sea. Pela primeira vez foram encontradas assembleias de microfósseis com paredes inorgânicas, constituídas principalmente por foraminíferos, na porção superior da Formação La Meseta e em estratos das formações Hobbs Glacier e Weddell Sea. Na Formação La Meseta foram encontrados restos autóctones ou parautóctones de foraminíferos Textularia sp., primeira ocorrência do gênero para a unidade. Na Formação Hobbs Glacier, a assembleia autóctone ou parautóctone melhor preservada é composta pelo foraminífero lagenído Oolina stellula e pelo radiolário Larcopyle polyacantha. O foraminífero rotaliído Bolivina sp. é raro e representa um resto alóctone na unidade. Para a Formação Weddell Sea, a assembleia autóctone ou parautóctone melhor preservada é constituída pelo foraminífero lagenído Favulina hexagona e pelo planctônico Globigerinita uvula, além do rotaliído Globocassidulina subglobosa e do radiolário L. polyacantha nos mesmos e em outros níveis. Nos depósitos miocênicos e plio-pleistocênicos ocorrem também foraminíferos aglutinados grandes de táxons típicos de mar profundo, cujas feições tafonômicas indicam sua reelaboração a partir de depósitos mais antigos, possivelmente do Paleoceno, tendo em vista sua associação tafonômica e estratigráfica com o foraminífero Reticulophragmium garcilassoi, um fóssil-índice dessa época. Além de R. garcilassoi, ocorrem outros táxons típicos de assembleias de mar profundo na Formação Hobbs Glacier, como Alveolophragmium orbiculatum, Ammodiscus sp. nov., Ammodiscus pennyi, Ammomarginulina cf. aubertae, Bathysiphon sp. 1, Bathysiphon sp. 2, Cyclammina placenta e Nothia robusta. Na Formação Weddell Sea, as grandes formas aglutinadas são representadas por Ammodiscus sp. nov., Bathysiphon sp. 1, Budashevaella cf. laevigata, Cyclammina cancellata, Glomospira charoides, Saccammina grzybowski, Sculptobaculites barri e Verneulinoides cf. neocomiensis. Alguns táxons da Ilha Seymour podem ser associados àqueles dos depósitos paleocênicos da Nova Zelândia e Nova Guiné, sugerindo alguma correlação cronológica. Embora o registro fossilífero das formações La Meseta, Hobbs Glacier e Weddell Sea seja rarefeito, foi possível identificar restos autóctones ou parautóctones que indicaram a composição parcial das comunidades infaunais e planctônicas que habitavam a região durante a deposição das unidades. Os poucos fósseis-índice encontrados corroboram as idades já propostas paras as formações. Para a Formação Weddell Sea, as assembleias autóctones ou parautóctones e as formas planctônicas permitiram redefinir o contexto deposicional da unidade como glacio-marino, e não plenamente glacial, como anteriormente proposto. Western Antarctic deposits, especially those from the Eocene-Oligocene transition, provide important geological data on Cenozoic global climate changes and their impact on the southern biota. Fossil assemblages, including foraminifers, are known from geological units from all Cenozoic epochs, in outcrops of the James Ross and South Shetlands archipelagos. However, the diamictites of Hobbs Glacier (Miocene) and Weddell Sea (Plio-Pleistocene) formations, exposed in James Ross and Seymour islands, were never subjects of micropaleontologic analysis targeting inorganic-walled microfossils. Twelve stratigraphic sections on Seymour Island were analyzed, including the top of the La Meseta Formation (Eocene) and several strata of Hobbs Glacier and Weddell Sea formations. Assemblages of inorganic-walled microfossils, composed mainly of foraminifers, were found for the first time in the La Meseta Formation and in strata from the Hobbs Glacier and Weddell Sea formations. Autochthonous or parautochthonous remains of the foraminifer Textularia sp. were found in the La Meseta Formation, being the first occurrence of the genus in this unit. The best preserved autochthonous or parautochthonous assemblage from Hobbs Glacier Formation is composed of the Lagenid foraminifer Oolina stellula and radiolarian Larcopyle polyacantha. The Rotaliid foraminifer Bolivina sp. is rare and represents an allochthonous elements in this formation. In the Weddell Sea Formation, the best preserved autochthonous or parautochthonous assemblage is composed of the Lagenid foraminifer Favulina hexagona and the planktonic Globigerinita uvula, as well as the Rotaliid foraminifer Globocassidulina subglobosa and the radiolarian L. polyacantha in the same and in other strata. In these Miocene and Plio-Pleistocene deposits also occur large agglutinated foraminifers typical of the deep sea, whose taphonomic features indicate their reelaboration from older deposits, possibly from the Paleocene, given their taphonomic and stratigraphic association with the foraminifer Reticulophragmium garcilassoi, a Paleocene index-fossil. Besides R. garcilassoi, other typical deep-sea taxa occur in the Hobbs Glacier Formation, such as Alveolophragmium orbiculatum, Ammodiscus sp. nov., Ammodiscus pennyi, Ammomarginulina cf. aubertae, Bathysiphon sp. 1, Bathysiphon sp. 2, Cyclammina placenta and Nothia robusta. In the Weddell Sea Formation the agglutinated specimens are represented by Ammodiscus sp. nov., Bathysiphon sp. 1, Budashevaella cf. laevigata, Cyclammina cancellata, Glomospira charoides, Saccammina grzybowski, Sculptobaculites barri and Verneulinoides cf. neocomiensis. Some taxa from Seymour Island also occur in the Paleocene deposits of New Zealand and New Guinea, suggesting some chronological correlation. Although the fossil record of the La Meseta, Hobbs Glacier and Weddell Sea formations is sparse, it was possible to identify autochthonous or parautochthonous remains that indicate the partial composition of the infaunal communities and plankton that thrived in the area during the deposition of the units. The few index-fossils found corroborate the ages already indicated for the deposits. For the Weddell Sea Formation, the autochthonous or parautochthonous assemblages and the planktonic specimens allowed the redefinition of its depositional setting as glacial-marine, and not fully glacial, as previously proposed.