Interações entre cetáceos e a pesca de cerco em Portugal Continental: o que mudou com as alterações da comunidade de pequenos peixes pelágicos

Tese de mestrado, Ecologia Marinha, Universidade de Lisboa, Faculdade de Ciências, 2020 Muitas pescarias mundiais têm, como espécies-alvo, as principais presas de alguns predadores de topo, tais como os cetáceos, bem como áreas de pesca sobrepostas às áreas de distribuição de algumas espécies de cet...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Dias, Inês Caseiro
Other Authors: Silva, Alexandra Duarte,1975-, Domingos, Isabel Maria Madaleno,1960-
Format: Master Thesis
Language:Portuguese
Published: 2020
Subjects:
Gam
Online Access:http://hdl.handle.net/10451/41861
Description
Summary:Tese de mestrado, Ecologia Marinha, Universidade de Lisboa, Faculdade de Ciências, 2020 Muitas pescarias mundiais têm, como espécies-alvo, as principais presas de alguns predadores de topo, tais como os cetáceos, bem como áreas de pesca sobrepostas às áreas de distribuição de algumas espécies de cetáceos. Esta sobreposição pode resultar em interações diretas entre os mamíferos marinhos e as artes de pesca, provocando perdas económicas para a atividade de pesca e a morte por captura acidental de cetáceos. Em Portugal Continental, a pesca de cerco é considerada uma das artes de pesca mais importantes para o país, sendo responsável por cerca de 50% dos desembarques no continente. Esta arte é considerada por vários autores, como sendo das artes de pesca com elevado nível de interação com cetáceos. Deste modo, este estudo pretende analisar as interações entre cetáceos e a pesca de cerco em Portugal Continental, através de observações a bordo de embarcações de cerco, entre 2003 e 2018. Foram observadas um total de 754 lances de pesca, em 550 viagens de cerco, que correspondeu a 0,3% do esforço realizado pela frota. Em 10% dos lances de pesca realizados foram observadas interações, com a observação de três espécies de cetáceos: o golfinho-comum (Delphinus delphis), o roaz-corvineiro (Tursiops truncatus) e o bôto (Phocoena phocoena), tendo o golfinho-comum sido a espécie mais observada a interagir, com uma ocorrência de 89% do total das interações. A captura acidental e a morte de cetáceos, ocorreu em 1,6% e 0,8% do total de lances de pesca, respetivamente, em que o golfinho-comum foi a única espécie com registo de morte. Recorreu-se ao modelo estatístico GAM, para analisar como é que as variações ao nível da atividade de cerco e da abundância de pequenos pelágicos influenciaram a probabilidade de ocorrência de interações cetáceos-pesca. Os resultados obtidos revelaram que a probabilidade de ocorrência de interações é significativamente influenciada pelo ano, latitude e longitude e pela captura por unidade de esforço ...