Estratigrafia, sedimentologia, petrologia e geoquímica do Grupo Port au Port (Cambriano) em Terra Nova (Newfoundland), Canadá

O Grupo Port au Port é uma sequência mista, que marca a transição entre o Cambriano Médio, predominantemente siliciclástico, e o Cambriano Superior dominantemente carbonático. Está situado na porção oeste da Ilha de Newfoundand (Terra Nova), no Canadá. Esta sequência é correlacionada ao grande banco...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Cunha, Rosália Barili da
Other Authors: De Ros, Luiz Fernando, Goldberg, Karin
Format: Thesis
Language:Portuguese
Published: 2019
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10183/204830
Description
Summary:O Grupo Port au Port é uma sequência mista, que marca a transição entre o Cambriano Médio, predominantemente siliciclástico, e o Cambriano Superior dominantemente carbonático. Está situado na porção oeste da Ilha de Newfoundand (Terra Nova), no Canadá. Esta sequência é correlacionada ao grande banco carbonático norte americano que se formou no entorno e sobre o paleocontinente Laurentia durante a evolução do Oceano Iapetus. O grupo compreende rochas híbridas, carbonáticas e siliciclásticas, cujo empilhamento não apresenta uma sequência diagnóstica, mas que pode ser dividido em três grandes ciclos de raseamento correlacionáveis com outras unidades. O limite entre os ciclos superiores coincide com o limite entre as sequencias Sauk II / III. O grupo Port au Port possui um arcabouço estratigráfico bem conhecido, mas a falta de dados geoquímicos e isotópicos, bem como alguns pontos passíveis de revisão, permitem novas interpretações sobre esta sucessão carbonática. Anteriormente interpretadas como gretas de contração, agora são indicadas como gretas de sinérese, que associadas a fauna marinha e inexistência de feições de exposição subaérea nos afloramentos visitados, evidenciam condições de deposição predominantemente em ambiente de inframaré. O processo de eodiagênese marinha freática, como a micritização auxiliou na manutenção da estrutura das partículas e a formação de franjas fibrosas, ocorreu em um ambiente freático marinho. A calcita é o componente eodiagenético mais abundante, associada a zona eodiagenética freática meterórica, mas também ocorre dolomita microcristalina, de zona de mistura, sendo observada também dissolução relacionada a fluídos insaturados. Com o avanço do soterramento e implementação da mesodiagênese, a dolomitização se intensifica, sendo observada presença de dolomita blocosa e em sela. Os eventos orogenéticos que dão origem aos Apalaches são responsáveis pelo soerguimento da bacia e exposição destas rochas. Apesar de magnitude e espessura reduzidas, a ocorrência da excursão positiva de carbono relacionada a transição Sauk II / III foi confirmada, e evidencia uma assinatura isotópica local superimposta, relacionada a condições de plataforma mais rasa e gradiente isotópico, similares à Bacia Amadeus, na Austrália. Os dados de estratigrafia química revelam valores de Mn/Sr >2 (0,53 – 33,31), que se relacionam com a intensa dolomitização. As razões de 87Sr/86Sr apresentam valores dentro do esperado para o Cambriano Médio/Superior (~0,7093-0,7095), com exceção do valores observados nas camadas da excursão positiva de carbono que atingem valores ~0.7089, sendo relacionados ao evento de regressão que deu origem ao SPICE. Os resultados geoquímicos indicam teores variáveis de Mg e de Ca ao longo do grupo, com razões Mg/Ca entre 0,03 e 0,6. As concentrações de estrôncio variam entre 54 e 466 ppm nas análises por FRX, mas atingem valores de até 2000ppm nas análises por Microssonda eletrônica. Altas concentrações de estrôncio associadas à presença de franjas fibrosas e dissolução/substituição preferencial em partículas biminerálicas pode ser um indicativo da mineralogia original destas rochas, sendo necessário estudos complementares. The Port au Port Group is a mixed siliciclastic/carbonate sequence that marks the transition between Middle and Upper Cambrian, situated in the western Newfoundland, Canada. This sequence is correlated to the Great North American Carbonate Bank formed during the evolution of the Iapetus Ocean in the surroundings of Laurentia. The group comprises hybrid, carbonate and siliciclastic rocks, whose stratigraphic stacking does not have a clear arrangement, but can be divided into three major Grand Cycles, correlated with other units across Laurentia. The transition between the two upper Grand Cycles coincides with the Sauk II / III sequence boundary. The Port au Port Group has a well-known stratigraphy framework. However, there is a lack of chemostratigraphy data and few stratigraphic interpretations liable to be reviewed. Previous dissecation cracks are now interpreted as syneresis cracks, and the lack of exposure features associated to marine fauna evidences prevailing subtidal conditions, interpreted before as intertidal environment. Petrographic analysis showed that early eodiagenesis occurs within marine phreatic conditions evidenced by micritization and fibrous fringes. Calcite is the most abundant eodiagenetic constituent, occurring in different cement types, related to phreatic meteoric zone. Microcrystalline dolomite and dissolution occur as a result of the eodiagenetic process within mixing phreatic zones. The process of mesodiagenesis starts with burial progression, and dolomitization intensifies, forming blocky and saddle dolomite. The orogenic events that originated Appalachians are also responsible for basin uplift and rock exposure, which telogianenetic products includes calcification of previous dolomites, dissolution and oxidation. The occurrence of SPICE in Port au Port Group has lower magnitude and thickness than expected for the global measured excursion and, although a subtidal environment, this local superimposed signature may reflect a shallower shelf position, similar to shallower portion of Amadeus Basin in Australia. The chemostratigraphic data reveals Mn/Sr ratios > 2 for Felix Cove section (0.53-17) and March Point section (0.38-33.31), corroborating the extensive diagenetic influence. However, the 87Sr/86Sr results are the expected range to Middle/Upper Cambrian (~0.7093-0.7095), with exception of those layers related to the SPICE (~0.7089), and therefore linked to the regression event, which exposed older carbonate Cambrian rocks. The Mg and Ca concentrations are variable throughout the group, with Mg / Ca ratios between 0.03 and 0.6. Strontium concentrations range from 54 up to 466 ppm in FRX results, but reach values up to 2000ppm in Electron Probe results. High strontium concentrations associated with the presence of fibrous fringes and preferential dissolution / replacement in bimineralic particles may be indicative of the original mineralogy of these rocks, requiring further studies.