Filogeografia de golfinhos rotadores (Stenella longirostris Gray, 1828) no litoral brasileiro a partir de marcadores mitocondriais

O golfinho-rotador-pantropical (Stenella longirostris longirostris) ocorre em águas tropicais e subtropicais de todos os oceanos. No litoral brasileiro, ocorre principalmente em águas tropicais entre 170 e 2700m de profundidade, sendo muito comum em Fernando de Noronha. Pouco se sabe sobre o seu flu...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Volpi, Thaís de Assis
Other Authors: Farro, Ana Paula Cazerta, Miyaki, Cristina Yumi, Siciliano, Salvatore, Paiva, Samuel Rezende
Format: Master Thesis
Language:Portuguese
Published: Universidade Federal do Espírito Santo 2016
Subjects:
Online Access:http://repositorio.ufes.br/handle/10/5606
Description
Summary:O golfinho-rotador-pantropical (Stenella longirostris longirostris) ocorre em águas tropicais e subtropicais de todos os oceanos. No litoral brasileiro, ocorre principalmente em águas tropicais entre 170 e 2700m de profundidade, sendo muito comum em Fernando de Noronha. Pouco se sabe sobre o seu fluxo gênico e diversidade genética no oceano Atlântico Sul. O presente estudo teve como objetivo avaliar a variabilidade genética de golfinhos-rotadores em diferentes localidades do litoral brasileiro. Duas regiões do DNA mitocondrial foram analisadas: região controle (D-loop) e citocromo oxidase subunidade I (COI). 82 indivíduos foram amostrados, correspondentes a quatro grupos de golfinhos amostrados no Nordeste do Brasil (G1), em Fernando de Noronha (G2 e G3) e no Sudeste e Sul do Brasil (G4). As amostras foram obtidas por raspagem de pele, biópsia com balestra e de animais mortos encalhados. 79 sequências com 414bp de D-loop e 48 com 714bp da região COI foram analisadas. Além destas, 45 sequências foram geradas a partir de fragmentos concatenados entre D-loop e COI. 115 sequências do GenBank (109 de D-loop e seis COI) foram incluídas para compreender a relação dos haplótipos brasileiros com outras populações mundiais. Os quatro grupos brasileiros avaliados apresentaram diferenciação genética significativa entre eles (Fst>0,05 com P<0,05) e, portanto, cada um deles foi considerado como sendo uma população diferente. G4 apresentou os maiores índices de diversidade nucleotídica e haplotípica, enquanto G2 e G3 apresentaram os menores. O baixo fluxo gênico entre as populações de golfinhos-rotadores de Fernando de Noronha em relação às populações não insulares pode indicar a fidelidade de sítio desses animais em águas insulares. As populações do litoral brasileiro são geneticamente diferentes; no entanto, todos compartilharam haplótipos com golfinhos dos oceanos Índico e Pacífico, além de animais da porção norte do Atlântico. G4 mostrou maior similaridade genética com golfinhos de outros oceanos do que com as populações de outros golfinhos-rotadores brasileiros. A população G2 (com maior número de amostras) apresentou maior similaridade genética com a população do Pacífico, mesmo quando comparado com a outra população de Fernando de Noronha (G3). Assim, é possível que o fluxo gênico de golfinhos no Brasil não é atribuído a distância geográfica entre eles, mas por outros fatores históricos, ecológicos e comportamentais The pantropical spinner dolphin (Stenella longirostris longirostris) occurs in tropical and subtropical waters of all oceans. In the Brazilian coast, it occurs mainly in tropical waters between 170 and 2700m depth, being very common in Fernando de Noronha Archipelago. Little is known about its gene flow and genetic diversity in South Atlantic Ocean. The present study aimed to evaluate the genetic variability of spinner dolphin in different localities of the Brazilian coast. Two regions of the mitochondrial DNA were analyzed, control region (D-loop) and cytochrome Oxidase subunit I (COI). 82 individuals were sampled, corresponding to four putative groups of dolphins sampled in Northeast Brazil (G1), in Fernando de Noronha (G2 and G3) and in the Southeast and South of Brazil (G4). The samples were obtained by skin swabbing, skin biopsy, and dead animals found stranded. 79 sequences with 414bp for D-loop and 48 with 714bp for COI region were analyzed. In addition to these, 45 sequences were generated from the link between fragments of D-loop and COI. 115 GenBank sequences (109 of D-loop and six of COI) were included to understand the relationship of Brazilian haplotypes with other world populations. The four Brazilian groups evaluated showed significant intergroup genetic differentiation (Fst>0.05 with P<0.05), therefore, each one of them was considered to be a different population. G4 presented the highest nucleotide and haplotypic diversity indices, while G2 and G3 showed the lowest. The low gene flow between the spinner dolphin populations from Fernando de Noronha in relation to the non insular populations may indicate site fidelity of these animals to insular waters. The populations in the Brazilian coast are genetically distinct; however all share haplotypes with dolphins from Indian and Pacific oceans, in addition to animals of the northern portion of the Atlantic. G4 showed more genetic similarity with dolphins from other oceans than with other spinner dolphin Brazilian populations. The population G2 (with the highest number of samples) showed greater genetic similarity with the Pacific population, even when compared with another population of Fernando de Noronha (G3). Thus, it is possible that the gene flow of spinner dolphins in Brazil is not given by the geographical distance among them, but by other historical, ecological and behavioral factors