Qualidade do ar interno da Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF) e sua relação com os materiais de construção e as atividades humanas

Muitos estudos têm sido realizados sobre o impacto ambiental das estações de pesquisa no continente antártico. No entanto, a avaliação da qualidade do ar interior nestes ambientes confinados tem sido negligenciada. As edificações antárticas caracterizam-se como arquiteturas enclausuradas nas quais o...

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Bibliographic Details
Main Author: PAGEL, E. C.
Other Authors: Reis Jr, N.C., ALVAREZ, C. E., ALBUQUERQUE, T. T. A., SANTOS, J. M.
Format: Doctoral or Postdoctoral Thesis
Language:unknown
Published: Universidade Federal do Espírito Santo 2018
Subjects:
Online Access:http://repositorio.ufes.br/handle/10/10330
Description
Summary:Muitos estudos têm sido realizados sobre o impacto ambiental das estações de pesquisa no continente antártico. No entanto, a avaliação da qualidade do ar interior nestes ambientes confinados tem sido negligenciada. As edificações antárticas caracterizam-se como arquiteturas enclausuradas nas quais os usuários permanecem por longos períodos, o que as torna um potencial objeto na investigação da Qualidade do Ar Interno (QAI). Esta pesquisa objetivou caracterizar e quantificar aldeídos, material particulado e fungos no ar interno da Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), relacionar os resultados com as prováveis fontes de emissão de poluentes provindos dos materiais construtivos e das atividades humanas e propor métodos de controle para um melhor desempenho da QAI em futuras construções no continente. Amostradores passivos foram utilizados para coleta de aldeídos e a determinação e quantificação destes foi feita por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência. Foi examinado o número e concentração em massa das partículas no interior da Estação, assim como sua distribuição granulométrica através de um Espectrômetro Portátil de Aerossol. O material particulado com diâmetro menor do que 2.5 μm (MP2,5) foi coletado em filtros de Teflon® através de amostradores de baixo volume visando análises químicas e morfológicas. A coleta de fungos foi feita em placas petri com meio de cultura adequado utilizando um impactador Tipo Andersen de um estágio e a identificação das colônias foi feita por métodos de macro e micromorfologia. Os resultados mostraram que a concentração média interna do total de aldeídos registrado foi acima da concentração encontrada em áreas urbanas, ao contrário da média da concentração de partículas e fungos que foi abaixo destes. Mobiliários e revestimentos de madeira compensada podem ter contribuído para a alta concentração de formaldeído (130,94 μg/m³). A atividade de cozinhar resultou em concentrações médias abundantes de acroleína (43,79 μg/m³) na maior parte dos ambientes monitorados. Foi possível identificar a influência de processos individuais, como a incineração, cocção, circulação de pessoas, mediante a concentração em número do tamanho de partícula. Na, K, Cl, Fe, Zn, Si e S foram os principais elementos detectados. A presença significativa de partículas de Fe pode estar associada pelo intenso processo corrosivo dos conteiners e chapas metálicas que constituem a Estação. Da mesma forma a relevante concentração de partículas de Zn pode estar associada também à emissão proveniente da tinta à base de solvente das paredes metálicas da edificação. Altos níveis de Black Carbon (BC) foram registados na oficina, o qual pode estar associado com a utilização de veículos a diesel. As relações Interior/Exterior (I/O) para o TSP, PM10, PM2.5 e PM1 medido foram significativamente maiores do que as relatadas para prédios urbanos. Os compartimentos afetados por processos de combustão tendem a apresentar um número significativo de partículas submicrométricas. O domínio das espécies Aspergillus versicolor e Penicillium sp mostra a existência de potenciais meios de proliferação fúngica no interior da Estação, associado ao carreamento dos mesmos por seus habitantes em suas roupas e utensílios com posterior desenvolvimento ao encontrarem condições ideais de sobrevivência internamente à Estação. Considerando que os aspectos observados na EACF são semelhantes à arquitetura de outras edificações antárticas, pode-se afirmar que a eliminação ou redução das principais fontes de poluição do ar através da setorização dos espaços; a utilização de materiais, produtos e equipamentos com baixa ou zero emissividade e a adoção de um sistema eficiente de renovação de ar são medidas de fundamental importância na concepção de edificações antárticas.