Os relatos de viagem e a invenção da América bárbara

Este artigo examina os seguintes relatos de viagens, escritos por exploradores europeus, acerca de suas experiências na América: “Mundus Novus”, de Américo Vespúcio (1454-1512), publicado em 1505; “Duas viagens ao Brasil”, de Hans Staden (1525-1576), publicado em 1557; e, nesse mesmo ano, “As singul...

Full description

Bibliographic Details
Main Authors: da Silva, Fabiana Santos, Oliveira, Mirian Santos Ribeiro de
Format: Article in Journal/Newspaper
Language:Portuguese
Published: Editora UEPG 2019
Subjects:
Online Access:https://revistas.uepg.br/index.php/muitasvozes/article/view/12561
Description
Summary:Este artigo examina os seguintes relatos de viagens, escritos por exploradores europeus, acerca de suas experiências na América: “Mundus Novus”, de Américo Vespúcio (1454-1512), publicado em 1505; “Duas viagens ao Brasil”, de Hans Staden (1525-1576), publicado em 1557; e, nesse mesmo ano, “As singularidades da França Antártica”, de André Thevet (1516-1590). Esse trabalho se ocupará em responder como essas publicações podem ter delimitado o olhar europeu sobre a América. O objetivo é demonstrar como essas narrativas desumanizaram os povos originários ao fazer referência ao canibalismo como uma conduta generalizada entre os ameríndios. O quadro teórico é formado pelos estudos de autores como Álvaro Manuel Machado e Daniel-Henri Pageaux; Edmund O’Gorman; e Fernando Cristóvão. Constata-se que as experiências narradas apelaram, sobretudo, para o tema da “barbárie indígena” e serviram, por séculos, como as únicas referências sobre o Novo Mundo. Devido à grande recepção que tiveram na Europa, os relatos de viagem podem ser vistos como agentes importantes no processo de invenção da América pelo Ocidente.