Comportamento e análise bioacústica do repertório vocal da Lontra longicaudis (Olfers, 1818), Rio Grande do Norte, Brasil

Lontra longicaudis (Olfers, 1818), Neotropical Otter, is a medium-sized, carnivorous, semiaquatic mammal with a wide geographic distribution from Mexico to Uruguay. Although the number of studies on this species has been increasing, the vast majority of them focus on diet and habitat use. This paper...

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Bibliographic Details
Main Author: Laurentino, Izabela Costa
Other Authors: Corso, Gilberto, http://lattes.cnpq.br/7454448890161528, http://lattes.cnpq.br/0274040885278760, Mobley, Renata Santoro de Sousa Lima, http://lattes.cnpq.br/1514389007687960, Ferreira, Luane Maria Stamatto, http://lattes.cnpq.br/8906977726202357, Leuchtenberger, Caroline, http://lattes.cnpq.br/8341586305528253
Format: Master Thesis
Language:Portuguese
Published: Universidade Federal do Rio Grande do Norte 2020
Subjects:
Online Access:https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/31389
Description
Summary:Lontra longicaudis (Olfers, 1818), Neotropical Otter, is a medium-sized, carnivorous, semiaquatic mammal with a wide geographic distribution from Mexico to Uruguay. Although the number of studies on this species has been increasing, the vast majority of them focus on diet and habitat use. This paper updates the distribution of this species by providing new records from 19 municipalities (13 in the Atlantic Forest) in the state of Rio Grande do Norte. These new records are important for the conservation of L. longicaudis. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES A Lontra longicaudis (Olfers, 1818) é um mamífero carnívoro com membranas interdigitais nos dedos das patas que permitem uma excelente adaptação ao estilo de vida semiaquático. Representantes da família Mustelidae e subfamília Lutrinae. A L.longicaudis possui uma das mais amplas distribuições geográficas, ocorrendo do norte do México até a Argentina. É um animal arisco e de difícil visualização, pois possuem, em geral, hábitos noturnos e crepusculares, principalmente no Nordeste do Brasil. Uma das maneiras de se estudar o habitat da espécie é através da observação indireta, juntamente com vestígios como carcaças, rastros, latrinas, muco anal e fezes. Apesar da distribuição da espécie ser considerada pelo IUCN (International Union for Conservation of Nature) como “Dados Insuficientes”, estudos recentes descrevem que a espécie é classificada como “Quase ameaçada” no Nordeste do Brasil e “Vulnerável” no domínio de Mata Atlântica devido ao alto nível de degradação do hábitat. Causas que ameaçam as lontras são os conflitos com pescadores e proprietários de psicultura e carcinicultura, consequentemente o desmatamento das margens dos rios. Pelo presente trabalho, já foram confirmados confirmou-se a ocorrência de L.longicaudis em 19 municípios inseridos em 08 bacias hidrográficas, no qual 12 desses municípios estão inseridos no Litoral Oriental do Estado. Dentre os 19 municípios, 13 estão inseridos em área de Mata Atlântica e 09 estão inseridos em Áreas de Proteção Ambiental (APA Bonfim Guaraíras e Piquiri-Una). Destacamos o município de Nísia Floresta, onde foi confirmado o número maior de ocorrência da espécie nos rios, possivelmente devido a concentração de atividades de psicultura carcinicultura. Através das latrinas, conseguimos registrar a presença de 09 espécies de vertebrados (mamíferos, répteis e aves) que utilizam o local oportunisticamente para se alimentar das fezes e/ou obter alimentos, como por exemplo os insetos. Os resultados revelaram que a dependência alimentar na Mata Atlântica não é sazonal, apresentando baixa relação com períodos menos produtivos (estação seca) ou de escassez de alimentos. Além disso, os indivíduos que comeram nas latrinas não têm os mesmos hábitos alimentares das lontras. Espécies insetívoras estão usando as latrinas para se alimentarem, mas eles podem não estar necessariamente consumindo matéria fecal, mas sim predando a fauna de invertebrados associada com as latrinas. Mesmo espécies herbívoras, como a iguana, acredita-se que esteja consumindo as fezes das para adquirir nutrientes importantes. Em geral, o consumo fecal de mamíferos, limitado a duas das cinco espécies de mamíferos capturadas em vídeo, não diferem significativamente de outros taxa. Portanto, latrinas comunitárias de Lontras Neotropicais são um importante recurso alimentar que volta para a comunidade de vertebrados da Mata Atlântica e invertebrados. Com relação as gravações realizadas, registramos um total de 83 filmagens de lontras, comprovando que a espécie no Rio Grande do Norte é bastante ativa no período noturno e/ou crepuscular, no qual através de uma análise comportamental das lontras em suas latrinas, formulamos um etograma com base em estudos já realizados com a espécie em cativeiro. Assim, podemos perceber que lontras em cativeiro possuem um comportamento mais limitado do que as lontras que estão em seu habitat natural. Não que a espécie limite seu comportamento em cativeiro, mas no habitat natural, mesmo sendo um mamífero topo de cadeia alimentar (semiaquático), conforme registros, os machos se deslocam frequentemente para realizar sua marcação territorial, forragear, bem como, possivelmente ir a procura de fêmeas para acasalamento. Portanto, comportamentos sociais da espécie, foram observados nos trazendo informações úteis sobre algumas e possíveis funções, se tratando da existência da comunicação intraespecífica nas latrinas, contradizendo um pouco da literatura, no qual esta descreve na maioria das vezes que a L. longicaudis possui hábitos solitários. Através de um sistema de vigilância por câmeras traps juntamente com o gravador Song Meter, realizamos gravações de áudios da Lontra longicaudis em habitat natural. As gravações foram analisadas através do programa RAVEN disponibilizado pelo Cornell Lab of Ornithology, no qual descrevemos 7 tipos de vocalizações da Lontra Neotropical em habitat natural. Os resultados mostraram tipos vocais semelhantes com das espécies Lutra lutra, Enhydra lutris, e Lontra canadensis. O repertório vocal descrito é composto por sete tipo de som, onde quatro já foram descritos anteriormente por outras espécies, como o “whine” (Enhydra lutris), “chirp” (Lutra lutra), “grunt” (Enhydra lutris), e “blow” (Lutra lutra). Este é o primeiro estudo à examinar os comportamentos sociais de L.longicaudis em latrinas, bem como o seu repertório vocal, ambos de grande importância para conservação da espécie. Nesse aspecto, para reverter a situação do seu Estado de Conservação “Quase Ameaçada (NT) ou Vulnerável”, antes que a L. longicaudis se encontre “Ameaçada” e posteriormente entre em “Extinção”, faz-se necessário uma série de medidas públicas ,, em especial: [i] melhoraria da legislação vigente;[ii] maior investimento em educação e programa de proteção ambiental; [iii] aperfeiçoamento do controle da poluição e desmatamento.