A proa pressentida: táticas oceanográficas para atravessar a duração e avistar baleias no Estreito de Gerlache, Península Antártica

Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, Florianópolis, 2019. Esta monografia qualifica etnograficamente a corrente colonização da Antártica. A pesquisa científica desponta como principal meio...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Assis, Luís Guilherme Resende de
Other Authors: Rial, Carmen Silvia Moraes, Universidade Federal de Santa Catarina
Format: Doctoral or Postdoctoral Thesis
Language:Portuguese
Published: 2019
Subjects:
Online Access:https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/204455
Description
Summary:Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, Florianópolis, 2019. Esta monografia qualifica etnograficamente a corrente colonização da Antártica. A pesquisa científica desponta como principal meio de Estados nacionais frequentarem a região austral, imersa no contexto político cosmopolita de paz, cooperação e ciência do Tratado da Antártica. Na abordagem proposta o cosmopolitismo dá lugar às cosmopolíticas, entendidas como empenhos táticos entre instalações moto-perceptivas e grandezas da natureza polar, investigadas por distintos grupos científicos brasileiros. A mobilização do ambiente para conformar dados científicos é tomada como atividade colonial primeva da política ampla. Empenhando seus corpos na natureza antártica os cientistas asseguram status consultivos ou deliberativos dos respectivos países de origem no Antarctic Treaty System-ATS. Ao mesmo tempo, a regularidade da frequência e a repetição de atividades obedientes a métodos disciplinares específicos verte na aquisição de virtudes diacríticas de comunidades de práticas. No entanto, cada programa antártico nacional impõe mecanismos singulares de interação entre logística e ciência, redimensionando os empenhos táticos. As desigualdades de acesso e recursos para a prática científica se somam às constantes negociações entre atores com interesses dissonantes que precisam se alinhar para o avanço da ciência. Resulta daí a pluralização técnica no interior das comunidades disciplinares, visando alcançar dados equiparáveis. A doma de tais dissonâncias configura modos específicos de praticar a mesma ciência. Os trejeitos técnicos manifestam uma colonialidade do fazer austral, consubstanciando os objetos etnográficos de interesse. A etnografia da técnica da avistagem de baleias no Estreito de Gerlache por oceanógrafos brasileiros é a primeira incursão demonstrativa dessa manifestação. Seu principal achado é a conformação de um sistema binocular coletivo ...