Avaliação de níveis de mercúrio em botos (Phocoena phocoena) arrojados em Portugal

Os ecossistemas costeiros e marinhos estão cada vez mais expostos a impactos antropogénicos. Entre as várias ameaças existentes, os contaminantes químicos têm recebido particular atenção devido à sua persistência, toxicidade e biomagnificação ao longo das cadeias tróficas. Os cetáceos enfrentam amea...

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Bibliographic Details
Main Author: Santos, Joana Marques dos
Other Authors: Monteiro, Sílvia Raquel da Silva, Eira, Catarina Isabel da Costa Simões
Format: Master Thesis
Language:Portuguese
Published: 1483
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10773/42280
Description
Summary:Os ecossistemas costeiros e marinhos estão cada vez mais expostos a impactos antropogénicos. Entre as várias ameaças existentes, os contaminantes químicos têm recebido particular atenção devido à sua persistência, toxicidade e biomagnificação ao longo das cadeias tróficas. Os cetáceos enfrentam ameaças significativas de poluentes devido à sua posição como predadores de topo, à sua longevidade e à sua capacidade limitada de eliminar esses poluentes. Entre os contaminantes, elementos-traço não essenciais, como o mercúrio (Hg), podem ser tóxicos mesmo a baixas concentrações. Devido à sua preferência por habitats costeiros, o boto (Phocoena phocoena) está sujeito a estas ameaças e a sua população está atualmente categorizada como ‘Criticamente em Perigo’ em Portugal. No presente estudo, foram analisadas amostras de botos (Phocoena phocoena) arrojados na costa norte de Portugal continental, entre 2019 e 2023. O objetivo geral deste trabalho consistiu em avaliar as concentrações de mercúrio em diferentes tecidos do boto, nomeadamente, pele (n=34) e tecido hepático (n=11). Posteriormente, foi avaliada a influência de características biológicas, como o sexo e a classe etária, nas concentrações de mercúrio na pele. Foi também avaliada a utilização da pele como indicador das concentrações de mercúrio no fígado. No geral, a concentração média de mercúrio na pele em botos arrojados no norte de Portugal foi de 3,04 ± 2,21 μg/g (peso seco), com 2,85 ±,62 μg/g nos machos e 3,31 ± 2,84 μg/g nas fêmeas. Considerando a classe etária, a concentração média de mercúrio foi de 1,52 ± 0,56 μg/g para crias (incluindo neonatos), 1,91 ± 1,06 μg/g para juvenis e 4,31 ± 2,39 μg/g para adultos. Não foram detetadas diferenças nas concentrações de mercúrio na pele dos botos em relação ao sexo (p = 0,743). No entanto, os botos adultos apresentaram concentrações de mercúrio superiores às crias e juvenis (ambos p= 0,006). Relativamente à comparação entre tecidos (n=10), foram observadas concentrações de mercúrio mais elevadas no fígado (9,60 ± ...