A Nova Rota da Seda e a Expansão Marítima da República Popular da China (2013-2019)

A República Popular da China admitiu pela primeira vez, em 2015, no Livro Branco sobre Estratégia Militar, que a Marinha do Exército de Libertação Popular (ELP) iria mudar gradualmente o foco para a combinação de “defesa de águas offshore” com “proteção de mar aberto”. Para isso, tem investido na mo...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Almeida, Hélder João Marques Pinto Correia de
Other Authors: Sá, Tiago Moreira de, Pinto, Raquel Vaz
Format: Master Thesis
Language:Portuguese
Published: 2020
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10362/101132
Description
Summary:A República Popular da China admitiu pela primeira vez, em 2015, no Livro Branco sobre Estratégia Militar, que a Marinha do Exército de Libertação Popular (ELP) iria mudar gradualmente o foco para a combinação de “defesa de águas offshore” com “proteção de mar aberto”. Para isso, tem investido na modernização da sua Marinha em particular e das forças armadas em geral, estando a desenvolver toda uma frota de portaaviões e de submarinos. O Mar da China Meridional foi o primeiro espaço para onde Pequim avançou, construindo um conjunto de ilhas artificiais em zonas de atóis, recifes e bancos de areia e dificultando a livre circulação de navios e aeronaves. Ao mesmo tempo, a sua Marinha começou a ser utilizada em missões anti-pirataria no Corno de África, no Índico, num passo que foi lido como uma forma de treino da Marinha do ELP fora da primeira cadeia de ilhas. Em 2017, a RPC estabeleceu a primeira base militar fora da China Continental, no Djibouti. Com o lançamento da Belt and Road Initiative por Xi Jinping, em 2013, um ambicioso projecto de base comercial e económica, que visou recuperar o espírito das antigas Rotas da Seda, que ligavam o Império do Meio a vários pontos da Ásia e da Europa, e prosseguimento nos anos subsequentes, começou a tornar-se claro que esta iniciativa é mais ampla. É uma parte essencial do grande projecto de política externa de Xi Jinping para aumentar a influência da China na sua vizinhança regional e mais além, incluindo na vertente militar. Através do financiamento, construção e operação de vários projectos de infra-estruturas em países do Indo-Pacífico, Pequim começa a poder usufruir de um conjunto de portos que podem funcionar como pontos de apoio às actividades da Marinha do EPL, de uma forma informal ou formal. O próximo passo pode ser o Oceano Atlântico. África tem na China, actualmente, o maior parceiro comercial e, neste continente, Pequim tem prosseguido a estratégia de investimento em locais-chave, nomeadamente na costa atlântica africana, usando mais uma vez, como ponta-de-lança, a BRI. A Marinha do ELP poderá, no futuro, beneficiar também das infra-estruturas que aqui têm sido desenvolvidas sendo que o Atlântico africano será instrumental para a China se afirmar como uma potência que projecta poder a nível global e que pode substituir a actual potência dominante do sistema internacional, os EUA. Ao mesmo tempo, mas também mais difícil, afigura-se uma presença no Atlântico norte, em relação ao qual a China também está atenta. The People's Republic of China (PRC) admitted for the first time in a 2015 White Paper about military strategy, that The People's Liberation Army Navy (PLAN) would gradually shift its focus to a combination of “offshore waters defense” with “open seas protection”. With that in mind, it has invested in the modernization of its armed forces, particularly Navy, developing an entire fleet of aircraft carriers and submarines. The South China Sea was the first territory where Beijing advanced, building a set of artificial islands in areas of atolls, reefs and shoals hindering the free movement of ships and aircrafts. At the same time, the PLAN began to be a part of anti-piracy missions in the Horn of Africa, in the Indian Ocean, in a step that was read as a form of the PLAN having the possibility of training outside the first island chain. In 2017, PRC established its first military base outside continental China, in Djibouti. With the launch of the Belt and Road Initiative (BRI), by Xi Jinping, in 2013, an ambitious commercial and economic project, aimed at restoring the spirit of the ancient Silk Roads, connecting the Middle Kingdom to various points in Asia and Europe, and with its development in subsequent years, it has become clear that this initiative is much more comprehensive. It is an essential part of Xi Jinping's large foreign policy project to increase China's influence in its regional neighborhood and beyond, including on the military front. Through the financing, construction and operation of various infrastructure projects in Indo-Pacific countries, Beijing is beginning to be able to take advantage of a number of ports that can function as support points for the PLAN activities, either informally or formally. The Atlantic Ocean could be the next step. China is the largest trading partner of Africa and in this continent Beijing has pursued the strategy of investing in key locations, particularly on the African Atlantic coast, using once more, as a spearhead, the BRI. The PLAN could, in the future, also benefit from the infrastructures that have been developed in that region. The African Atlantic will be instrumental for China to assert itself as a power that is capable to project power globally and that can replace the current dominant power of the international system, USA. At the same time, it seems more difficult a presence in the North Atlantic, but China will keep an eye on it.