Predação de vertebrados por cães Canis lupus F. Familiaris (Mammalia: Carnivora) no Jardim Botânico do Rio de Janeiro

Espécies exóticas são hoje reconhecidas como a segunda maior ameaça ambiental, causando prejuízos à biodiversidade e aos ecossistemas naturais. A introdução de cães domésticos tem consequências ecológicas graves, que incluem transmissão de doenças, perseguição, estresse, deslocamento, agressões e mo...

Full description

Bibliographic Details
Main Authors: Rangel, Cristiane Hollanda, Neiva, Carla Helena Mendes Bunn
Format: Article in Journal/Newspaper
Language:Portuguese
Published: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) 2014
Subjects:
Online Access:https://revistaeletronica.icmbio.gov.br/BioBR/article/view/345
https://doi.org/10.37002/biobrasil.v%vi%i.345
Description
Summary:Espécies exóticas são hoje reconhecidas como a segunda maior ameaça ambiental, causando prejuízos à biodiversidade e aos ecossistemas naturais. A introdução de cães domésticos tem consequências ecológicas graves, que incluem transmissão de doenças, perseguição, estresse, deslocamento, agressões e morte de animais nativos, hibridação com canídeos selvagens, e competição com vários predadores nativos. O presente estudo teve como objetivos reunir os dados encontrados nas fichas de registro de resgate de animais silvestres dos anos de 2005 a 2012 pelo Projeto de Conservação da Fauna do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, em área que pertence a zona de amortecimento do Parque Nacional da Tijuca. Houveram 36 ocorrências de injúrias provocadas por cães domésticos em animais silvestres no JBRJ, representando quase 10% do total de 372 animais resgatados pelo Projeto durante o período. Em 33% dos animais foram coletados já em óbito, 17% foram resgatados com ferimentos severos, 50% eram filhotes órfãos cujas mães foram abatidas. A identificação de marcas de pegadas e mordidas sugerem que as injúrias foram provocadas por cães domésticos. As espécies atingidas foram em sua grande maioria mamíferos, 86% de Didelphis aurita, além de Tamandua tetradactyla e Procyon cancrivorus, vulneráveis no Município do Rio de Janeiro, e Coendou villosus, e apenas 1 réptil Salvator merianae. A perda de mamíferos e simplificação da comunidade animal é preocupante, particularmente quando envolvem espécies ameaçadas, mesmo que localmente. O cão doméstico é um importante fator de deterioração da biodiversidade e seu controle populacional deve ser a principal medida a ser adotada, principalmente no entorno de Unidades de Conservação. É urgente a tomada de esforços e ações diversificadas para resolver o grave problema da perda de biodiversidade por introdução de espécies exóticas, que eliminem ou reduzam significativamente seus impactos a longo prazo.