Mortalidade por causas relacionadas ao aborto no Brasil: declínio e desigualdades espaciais

Além de constituir causa freqüente de internamentos obstétricos em países pobres, o aborto representa a incapacidade do sistema público de saúde de prover informação suficiente sobre métodos contraceptivos para prevenir gestações em vez de interrompê-las. No Brasil, as altas taxas de utilização de s...

Full description

Bibliographic Details
Published in:Revista Panamericana de Salud Pública
Main Author: Bruno Gil de Carvalho Lima
Format: Article in Journal/Newspaper
Language:English
Spanish
Portuguese
Published: Pan American Health Organization 2000
Subjects:
R
Online Access:https://doi.org/10.1590/s1020-49892000000300005
https://doaj.org/article/158390d870fd40668b133ba0d91202dd
Description
Summary:Além de constituir causa freqüente de internamentos obstétricos em países pobres, o aborto representa a incapacidade do sistema público de saúde de prover informação suficiente sobre métodos contraceptivos para prevenir gestações em vez de interrompê-las. No Brasil, as altas taxas de utilização de serviços de saúde por abortamentos refletem as dificuldades persistentes de contracepção e planejamento familiar. Além disso, a mortalidade por aborto serve como indicador da qualidade dos procedimentos abortivos, um ponto importante num país onde tal prática é ilegal e, portanto, clandestinamente realizada. No presente estudo, analisamos as taxas de mortalidade por causas relacionadas ao aborto entre mulheres de 10 a 54 anos de idade, incluindo aquelas que morreram por abortamentos espontâneos e provocados, de 1980 a 1995, segundo região de residência. As informações utilizadas foram obtidas do banco de dados sobre mortalidade do Sistema Único de Saúde --Ministério da Saúde. Dados sobre população foram obtidos junto à Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Estudaram-se 2 602 óbitos. Do total de óbitos, 15% foram devidos a aborto retido, aborto espontâneo e aborto induzido com indicação legalmente admitida. Oitenta e cinco por cento dos óbitos foram causados por aborto induzido sem indicação legalmente admitida e por aborto sem causa especificada. Os coeficientes de mortalidade por causas relacionadas ao aborto têm decrescido continuamente no Brasil, mas tais avanços têm-se distribuído desigualmente no país. A região que apresentou a menor queda na taxa (38% em 15 anos) foi o Nordeste. As mulheres que morreram por aborto tiveram uma média de idade decrescente no período estudado.