As rapineiras neotropicais na Europa dos séculos XVI e XVII (Aves, Falconidae, Accipitridae)

O intenso fluxo de animais do Neotrópico observado na Europa durante o início da Idade Moderna incluiria demandas muito singulares vindas de determinados atores sociais. Este parece ser exatamente o caso das aves de rapina, em geral destinadas a uma nobreza entusiasta da falcoaria que concentrava de...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Dante Martins Teixeira
Format: Article in Journal/Newspaper
Language:English
Spanish
Portuguese
Published: Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo 2022
Subjects:
Online Access:https://doaj.org/article/09186fa38d6749a6a3cf19b0214481ff
Description
Summary:O intenso fluxo de animais do Neotrópico observado na Europa durante o início da Idade Moderna incluiria demandas muito singulares vindas de determinados atores sociais. Este parece ser exatamente o caso das aves de rapina, em geral destinadas a uma nobreza entusiasta da falcoaria que concentrava desmedido poder e se mostrava disposta a oferecer atrativas recompensas por exemplares trazidos do além-mar. Vigente ao menos desde 1509, esse tráfico abarcava tanto representantes dos Accipitridae quanto dos Falconidade, havendo registros documentais ou iconográficos para o japacanim (Spizaetus ornatus), o falcão-peregrino (Falco peregrinus) e o falcão-de-coleira (Falco femoralis) – provavelmente o misterioso "aleto" pelo qual se pagavam quantias exorbitantes. A documentação disponível também menciona a surpreendente captura de um gerifalte (Falco rusticolus) ao largo da costa do Brasil – a primeira referência conhecida dessa espécie para o hemisfério sul. Tal como foi comprovado para vários outros grupos zoológicos no continente americano, os dados existentes sugerem a forte possibilidade de algumas rapineiras neotropicais terem sido bem mais numerosas no período colonial.