A dieta do lobo e as suas implicações na conservação da espécie: caso de estudo na alcateia de Mogadouro Sul

O lobo ibérico, Canis lupus signatus (Cabrera, 1907) esteve amplamente distribuído em Portugal, mas consequência da degradação e fragmentação do habitat, da diminuição das presas selvagens e da perseguição por parte do Homem, deu-se um declínio das suas populações, levando ao seu desaparecimento nas...

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Bibliographic Details
Main Author: Lemos, Samuel Franco Rosa Costa de
Other Authors: Monzón Capapé, Aurora Carmen, Llaneza Rodríguez, Luis
Format: Master Thesis
Language:Portuguese
Published: 2018
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10348/8340
Description
Summary:O lobo ibérico, Canis lupus signatus (Cabrera, 1907) esteve amplamente distribuído em Portugal, mas consequência da degradação e fragmentação do habitat, da diminuição das presas selvagens e da perseguição por parte do Homem, deu-se um declínio das suas populações, levando ao seu desaparecimento nas regiões do litoral, sul e centro do país. Os estudos da dieta deste carnívoro são importantes na procura de ferramentas de conservação que minimizem a conflituosidade com os diferentes usuários. O presente trabalho teve como principal objetivo estudar a dieta de uma pequena alcateia isolada, denominada de Mogadouro Sul, através da análise de dejetos obtidos entre 2015 e o início de 2017. Esta alcateia habita no Nordeste Transmontano (Portugal) e em 2015 era constituída por quatro indivíduos, enquanto que em 2016 apenas foram identificados dois elementos. A proveniência especifica de todas as amostras analisadas (n=78) foi confirmada através da análise molecular. Previamente à análise da dieta, com base nas técnicas da tricologia, foi realizada uma coleção de referência das principais espécies de presas presentes na área de estudo (concelho de Mogadouro), tanto domésticas como selvagens. Os resultados obtidos, expressos em frequência de ocorrência (FO) e classificados de acordo com a proposta de Ruprecht (1979), demonstraram que os animais domésticos foram a categoria alimentar mais frequente da sua dieta com uma FO de 78,3 %, com especial incidência nos caprinos (40,6 % FO) que representaram cerca de 52 % da FO dos animais domésticos. Os ungulados selvagens, nomeadamente o corço e o javali, apesar de ocorrerem em toda a área de estudo, representaram apenas 21,7 % FO da dieta. A análise sazonal da mesma revelou um maior consumo de animais domésticos no verão e no outono. Os caprinos consistiram num recurso alimentar regular ao longo de todo o ano e os ovinos foram mais frequentes no verão (recurso básico), contudo, constituíram um recurso regular nas restantes estações do ano. O cão esteve sempre presente na dieta do ...