Summary: | O tempo político e mediático condiciona o modo como a sociedade contemporânea se apercebe dos riscos que corre. Esse modo pode nos ser fatal. As crises graves e agudas, cuja letalidade é muito grande e muito rápida mobilizam os media e os poderes políticos e conduzem a que sejam tomadas medidas que no melhor dos casos resolvem as consequências da crise mas não afectam as suas causas. Pelo contrário, as crises graves mas de progressão lenta tendem a passar despercebidas mesmo quando a sua letalidade é exponencialmente maior. A pandemia do coronavírus é o exemplo más recente do primeiro tipo de crise. No momento em que escrevo já matou cerca de 40.000 pessoas. A poluição atmosférica é o mais trágico exemplo do segundo tipo de crise. Segundo The Guardian de 5 de Março, Segundo a Organização Mundial de Saúde a poluição atmosférica que é apenas uma das dimensões da crise ecológica, mata anualmente 7 milhões de pessoas. Segundo a Organização Mundial de Meteorologia, o gelo das Antártida está a derreter seis vezes mais rapidamente que há quatro décadas e o gelo da Gronelândia, quatro vezes mais rapidamente do que se previa. Segundo a ONU, temos dez anos para evitar a subida de 1.5 graus de temperatura global em relação à época pré-industrial e, em qualquer caso vamos sofrer.
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