As aves antárticas estão livres de hemoparasitos? Um estudo de caso de pinguins (Pygoscelis spp.) e de skuas (Catharacta spp.) antárticos da Baía do Almirantado, Ilha Rei George, Antártica.
O parasitismo é uma importante força seletiva em populações, assim como a competição e a predação. Os parasitos sanguíneos podem afetar a coloração da plumagem, a seleção sexual e o sucesso reprodutivo em aves. As aves da região Antártica têm sido mencionadas na literatura como livres de hemoparasit...
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Format: | Thesis |
Language: | Portuguese |
Published: |
Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UERJ
2013
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Subjects: | |
Online Access: | http://www.bdtd.uerj.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=7217 http://www.bdtd.uerj.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=7218 |
Summary: | O parasitismo é uma importante força seletiva em populações, assim como a competição e a predação. Os parasitos sanguíneos podem afetar a coloração da plumagem, a seleção sexual e o sucesso reprodutivo em aves. As aves da região Antártica têm sido mencionadas na literatura como livres de hemoparasitos. A Baía do Almirantado, na Ilha Rei George, Península Antártica, é a maior Baía da região, abrigando diferentes espécies de aves durante o período reprodutivo. Dentre elas, estão duas espécies de skuas, as mais frequentes da Antártica, skua-sub-antártica (Catharacta lonnbergi) e skua-polar-do-sul (C. maccormicki) e três espécies de pinguins, pinguim-antártico (Pygoscelis antarctica), pinguim-papua (P. papua) e pinguim-de-adélia (P. adeliae). Skuas e pinguins são aves que se dispersam durante o inverno austral, podendo ser potenciais reservatórios e transmissores de parasitos, embora resultados negativos de hemoparasitos tenham sido encontrados para diversas outras aves marinhas e também para a região Antártica. O objetivo do presente trabalho foi investigar a presença de hemoparasitos em pinguins e skuas antárticos na Baía do Almirantado. Amostras de lâminas de esfregaço sanguíneo e de sangue para análises moleculares de pesquisa de Plasmodium/Haemoproteus foram coletadas em dois períodos reprodutivos, de dezembro de 2010 a março de 2011 e de dezembro de 2011 a fevereiro de 2012. Um total de 185 amostras de aves foram coletadas, incluindo 120 pinguins e 65 skuas. Skuas foram tiveram resultados negativos para hemoparasitos. As três espécies de pinguins foram positivas para Plasmodium/Haemoproteus , via técnica molecular, incluindo dois P. papua,dois P. antarctica etrês P. adeliae. Apenas um indivíduo confirmado positivo pela técnica molecular, pertencente a P. papua, foi positivo utilizando a técnica de esfregaço sanguíneo, com diagnóstico de Plasmodium sp. Não houve diferença significativa entre indivíduos machos e fêmeas das espécies parasitadas, assim como entre adultos e filhotes. As aves parasitadas (n=7), foram categorizadas abaixo do peso (n=5) e acima do peso (n=2). O presente estudo é o primeiro a relatar hemoparasitos na região Antártica e também é o primeiro registro de presença de hemoprotozoários para as três espécies de pinguins analisadas. A ausência de hemoparasitos em aves antárticas tem sido justificada pela ausência de potenciais vetores na região. Portanto, é possível que os pinguins parasitados tenham adquirido a infecção durante a dispersão por ocasião do inverno austral. No entanto, skuas antárticas também são aves migratórias, que podem atingir regiões com potenciais vetores reconhecidos, mas nunca foram diagnosticadas com hemoparasitos, o que foi reforçado pelos resultados negativos do presente estudo. Nesse caso, acredita-se que skuas, podem ter um sistema imune competente ou que a ausência de hemoparasitos nessas aves seja justificada por confinamentos filogenéticos entre parasito-hospedeiro. Entretanto, pouco se sabe sobre a existência de vetores na Antártica, rotas migratórias das aves da região e especificidade parasito-hospedeiro. Os resultados inéditos encontrados no presente estudo devem, portanto, servir como ponto de partida para o entendimento das interações parasito-hospedeiro, de forma a contribuir para a preservação do ambiente antártico. Parasitism is an important selective pressure in populations, as well as competition and predation. Blood parasites can affect the color of plumage, sexual selection and reproductive success in birds. Antarctic birds have been mentioned in literature absent of blood parasites. Admiralty Bay is located at King George Island, Antarctic Peninsula, and is the largest bay on the region, harboring different avian species during the reproductive period. Among them, are the two most common skuas of Antarctica, the brown-skua (Catharacta lonnbergi) and the south-polar-skua (Catharacta maccormicki), and tree penguins species, the Chinstrap (Pygoscelis antarctica), the Gentoo (P. papua) and the Adelie (P. adeliae). Skuas and penguins are seabirds that migrating during the southern winter, and may be potential reservoirs and transmitters of parasites. However, negative results of blood parasiteshave been found in several seabirds and also to the Antarctic region. The objective of this study was to investigate the presence of blood parasites in Antarctic penguins and skuas at Admiralty Bay. Blood smears and blood samples for molecular analyses to research Plasmodium/Haemoproteuswere collected in two reproductive periods, from December 2010 to March 2011 and from December 2011 to March 2012. A total of 185 bird samples were collected, including 120 penguins and 65 skuas. Skuas were negative for parasites. The tree species of penguins were positives to Plasmodium/Haemoproteusby molecular analysis, including two P. papua, two P. antarctica and tree P. adeliae. Only one positive penguin by molecular technique, a P. papua, was positive in blood smears, diagnosed with Plasmodium sp. There was no significant difference between male and female individuals of the parasitizedspecies, as well as between adults and chicks. Parasitized birds (n = 7) were categorized as underweight (n=5) and overweight (n=2).The present study is the first to report blood parasites in the Antarctic region and is also the first record of the presence of blood protozoa for the three penguin species analyzed. The absence of blood parasites in Antarctic birds has been justified by the absence of potential vectors in the region. Therefore, it is possible that the parasitized penguins acquired infectionwhen they disperse during southern winter. However, antarctic skuas are migratory birds, and they can reach regions with recognized potential vectors, but have never been diagnosed with blood parasites, what was reinforced by data of the present study. In this case, it is believed that skuas may have a competent immune system, or that the absence of these parasites in these birds is justified by phylogenetic constraints between the host-parasite. Nevertheless, little is known about the existence of vectors in the Antarctica, migratory routes of birds in the region and parasite-host specificity. The inedited results found in this study should therefore serve as a starting point to understand the host-parasite interactions, and to contribute to the preservation of the Antarctic environment. |
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