Percepções da presa

Para os Yukaghirs da Sibéria, a presa é vista como uma amante que precisa se “entregar” ao caçador, demonstrando desejo sexual por ele. Consequentemente, o caçador busca seduzir a presa transformando seu corpo na imagem dela. Contudo, esse empreendimento é arriscado e pode resultar na perda de sua a...

Full description

Bibliographic Details
Published in:Anuário Antropológico
Main Author: Willerslev, Rane
Format: Article in Journal/Newspaper
Language:Portuguese
Published: Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social (UnB) 2013
Subjects:
Online Access:http://journals.openedition.org/aa/143
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spelling fttriple:oai:gotriple.eu:oai:revues.org:aa/143 2023-05-15T18:45:50+02:00 Percepções da presa Willerslev, Rane 2013-11-04 http://journals.openedition.org/aa/143 pt por Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social (UnB) Anuário Antropológico urn:doi:10.4000/aa.143 http://journals.openedition.org/aa/143 lic_creative-commons Yukaghir Siberia hunting human-animal transformation personhood caça transformação humano-animal pessoalidade phil socio Journal Article https://vocabularies.coar-repositories.org/resource_types/c_6501/ 2013 fttriple https://doi.org/10.4000/aa.143 2023-01-22T18:08:47Z Para os Yukaghirs da Sibéria, a presa é vista como uma amante que precisa se “entregar” ao caçador, demonstrando desejo sexual por ele. Consequentemente, o caçador busca seduzir a presa transformando seu corpo na imagem dela. Contudo, esse empreendimento é arriscado e pode resultar na perda de sua aderência à espécie original. Por essa razão, dentro do acampamento humano, o processo de caçar é oposto por um contraprocesso, implicando o esforço do caçador em sanear a alteridade do seu eu e reconstruir sua pessoalidade humana. Ainda assim, o caçador não é apenas ele mesmo, uma vez que ele acredita ser a encarnação de um parente morto. O ponto que desejo ressaltar é que a estabilidade do eu ou da pessoa é, na verdade, impossível de se manter entre os Yukaghirs, onde ninguém é apenas ele mesmo, mas sempre alguém mais. For the Siberian Yukaghirs prey is seen as a female lover, who needs to “give herself up” to the male hunter out of sexual desire for him. Accordingly, the hunter seeks to seduce prey by transforming his body in its image. However, this attempt is risky and may result in him loosing his original species adherence. For this reason, the process of hunting is opposed within the human encampment by a counter-process, implying the hunter’s attempt to purge otherness from the self and to reconstruct his human personhood. However, even here, the hunter is not just himself, since he is believed to be the incarnation of a dead relative. The point I want to stress is that stable selves or persons are indeed impossible to maintain among the Yukaghirs, where no one is ever just himself, but always someone else as well. Article in Journal/Newspaper Yukaghir Siberia Unknown Anuário Antropológico v.37 n.2 57 75
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Willerslev, Rane
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